MANIFESTO DO COLETIVO EMANCIPAÇÃO SOCIALISTA (CESO)
O Coletivo Emancipação Socialista (CESO) é uma nova organização política que tem como objetivo servir à luta dos trabalhadores pela revolução brasileira. Nosso compromisso é contribuir para que nossa classe se coloque de forma decisiva na vida nacional, com um projeto próprio para o Brasil.
A formação do CESO é fruto de uma história de vida coletiva que se inicia em agosto de 2013, quando um conjunto de militantes socialistas formaram um coletivo jornalístico e colocaram na rua um instrumento dedicado à causa universitária e ao socialismo. Desde então, temos contribuído através do jornal UFSC à Esquerda, buscando socializar análises rigorosas, socialistas e marxistas, com estudantes e trabalhadores.
Ao longo desses nove anos, identificamos novas necessidades e criamos outros instrumentos para servir à luta de nossa classe. Em 2016, fundamos a Escola de Formação Política da Classe Trabalhadora (EFoP) – Vânia Bambirra para contribuir com a socialização de estudos marxistas de forma plural e independente entre aqueles que lutam. Em 2019, frente ao acirramento dos ataques da classe dominante à universidade brasileira e às condições de vida da classe trabalhadora, criamos o jornal Universidade à Esquerda, buscando ampliar a circulação das análises e debates de esquerda.
Com esse conjunto de instrumentos e frente à agudização da luta de classes, a forma de coletivo jornalístico apresentou limitações. Identificamos, então, a necessidade de alinhar e dar propósito comum à nossa contribuição nos jornais, na escola e na militância de base. É nesse contexto que demos origem ao CESO.
O propósito do CESO é contribuir com a ampliação da capacidade organizativa dos trabalhadores brasileiros. Para nós é fundamental fortalecer os espaços organizativos dos trabalhadores em geral (entidades, sindicatos, movimentos, organizações políticas, partidos) para que nossa classe possa criar, no seio das lutas, um projeto próprio para o Brasil que rompa efetivamente com o desenvolvimento capitalista-dependente e encontre uma saída para a encruzilhada histórica que enfrentamos. Afinal, tudo o que a burguesia pode oferecer, no que tange a um projeto econômico e político para o Brasil, são ciclos de retração e expansão limitada das condições de vida dos trabalhadores, retratados na alternância entre regimes de conciliação de classes ou de coerção aberta.
Essa encruzilhada só pode ser superada através da elevação da capacidade de intervenção da classe trabalhadora na vida nacional, sem mais se subordinar às estratégias políticas burguesas. Esta é a nossa grande tarefa no tempo presente: construir o socialismo, a revolução brasileira.
Frente à barbárie e irracionalidade que é cotidianamente produzida no interior do sistema capitalista, o socialismo é a saída mais humana e generosa que enxergamos para a nossa classe. Em meio à fome, desemprego, falta de moradia, modelos de trabalho que retiram tempo de vida daqueles que produzem e nenhuma perspectiva de partilha e usufruto da riqueza por aqueles que dão todos os dias o sangue para sobreviver, a construção do socialismo se apresenta para nós mais do que uma escolha política: é uma necessidade urgente.
Compreendemos o socialismo como uma alternativa concreta, viável e urgente. O socialismo nada mais é que o modo de produção no qual os trabalhadores assumem o controle sobre os setores estratégicos da economia nacional, democratizando as decisões estratégicas e os frutos da riqueza por eles produzida.
Nós não estamos condenados perpetuamente à insensatez da divisão do trabalho no capitalismo e o mero reformismo não é e nem deve ser nosso único horizonte. É certo que somos capazes de elaborar e construir uma outra forma de reprodução da vida muito mais justa, solidária e produtiva. Superaremos o desperdício das capacidades produtivas e a execução de trabalhos desnecessários e daremos espaço para o pleno desenvolvimento das capacidades humanas.
A construção da revolução socialista é decisiva para que nossa classe possa inaugurar um novo momento histórico. No curso do processo revolucionário, com mudanças concretas e efetivas no modo de organizar econômica e politicamente a sociedade brasileira, nossa classe irá enfrentar as diferentes misérias e violências às quais as massas brasileiras estão submetidas cotidianamente.
Na medida em que a luta revolucionária se expande em diferentes frentes, no terreno real e concreto do cotidiano das massas, deve crescer suas formas de organização. Não para criar organismos pretensamente prontos e acabados, mas para que surjam por todas as partes as formas germinais de uma direção político-partidária verdadeiramente revolucionária. Uma organização como esta não pode jamais surgir de projetos teóricos afastados da luta real e efetiva da classe trabalhadora, nem ser a mera junção de diferentes forças sem unidade real pela revolução socialista brasileira, cuja base deve ser assentada no anti-imperialismo, no anti-colonialismo, no anticapitalismo e na emancipação de todo o trabalho.
Semeamos hoje nosso projeto com a humildade daqueles que sabem trabalhar pela organização da classe sem se proclamarem os latifundiários da verdade sobre o método e a forma de nossas lutas. Em nosso espírito, acenamos fraternalmente às demais organizações socialistas e comunistas, nos curvamos respeitosos à história das lutas de nossa classe em todo o mundo, homenageamos aqueles socialistas que tombaram lutando e olhamos para o futuro breve, esperançosos. Carregamos conosco a verdade de que na luta pela emancipação de toda a humanidade, os trabalhadores nada têm a perder senão os seus grilhões: o socialismo é real, factível, necessário, urgente. Hoje damos um passo decidido a mais em sua realização histórica, desejosos de que nosso propósito servil frutifique em milhões.
Com a virtude de uma decisão amadurecida pela experiência política de nossos instrumentos, saudamos viva a classe trabalhadora! Viva o povo brasileiro! Viva a revolução socialista!
Viva o Coletivo Emancipação Socialista!
Brasil, dezembro de 2022.
Inferno / l'Enfer
artista desconhecido,
1510-1520.